Quando o "Togetherness" é Propaganda Enganosa 😏

Quando se é um garimpeiro de um fetiche minoritário, obrigatoriamente você precisa aprender a lidar com a frustração. Via de regra, a maior parte do material de togetherness fetish disponível na rede, só é togetherness por acaso. O foco, na real, é outro. Tipo o bondagista que, de repente, resolve amarrar duas modelos juntas: o foco é a restrição, não a união. Ou a artista que cria uma pintura estonteante de duas garotas com os corpos conectados, mas não as considera siamesas, apenas uma imagem simbólica da bipolaridade. Muitas vezes, você topa com a capa de um livro, ou com o pôster de um filme, ou com uma ilustração solta de algum quadrinho, e acha que encontrou uma fonte inteiramente nova... mas não, era só aquela imagem mesmo. Agora, muitas vezes são imagens extraordinárias, que merecem destaque, ainda que possam ser consideradas propaganda enganosa para quem curte togetherness. Então, aqui vai uma breve coleção de capas e cartazes que são simplesmente incríveis, mas cujos respectivos livros e filmes não tem absolutamente nada a ver com as imagens. Assim você pode apreciar as suas qualidades artísticas (e fetichistas), sem ter que passar pela frustração de ler o livro, ou ver o filme, e descobri que não há nada de togetherness fetish neles. Disponha.😉

Pode-se dizer que foi esse cartaz de Let Her Out (2016) que me inspirou a criar essa postagem. Ele me fez esperar por essa bomba com uma ansiedade absurda. E, quando o filme saiu, não só não tinha nada nem remotamente parecido com essa imagem, como ainda era um dos piores filmes de terror lançados naquele ano.😤 Mas o pôster é magnífico, isso não tem como negar. Adoraria assistir ao filme que ele promete.😒

 

Bem de acordo com a moda italiana, o cartaz do filme Femmine infernali (1980), também conhecido como Escape from Hell, quer nos fazer acreditar que teremos uma imitação bem descarada de Black Mama, White Mama (1973), mas enquanto o filme americano, bem ou mal, cumpre o que promete, esse aqui não tem nenhuma prisioneira fugindo acorrentada com sua parceira. Por que não? Não sei. Se ia imitar mesmo, então por que não ir até o fim? Eu iria. E as manteria juntas no final😇  

Essa aqui é propaganda enganosa pura! Quem quer que comprasse a edição 76 de Jumbo Comics (1945) na intenção de descobrir como Sheena, a Rainha da Selva, iria fazer pra vencer o gorila carnívoro acorrentada numa (princesa?) nativa, poderia tranquilamente pedir seu dinheiro de volta. A história anunciada na capa, "Fire Gens of Skull Valley", simplesmente não tem nada disso! Que bom que, hoje em dia, a gente pode descobrir isso sem gastar um tostão, num scan online.😉

Acho que não é segredo pra ninguém que o romance The Sex Lives of Siamese Twins (2014), de Irvine Welsh, não é sobre irmãs siamesas, e, via de regra, as capas e sinopses nem tentam vender isso. Exceto por essa edição russa, que parecia determinada a inflar as vendas a qualquer custo. E o resultado é tão sugestivo que não custa nada reforçar que, não, não há siamesas aqui! Nem gêmeas com fetiche por algemas. Mas que a ideia é maravilhosa, isso é!😍

Aqui eu já nem acho que seja propaganda enganosa. Pra mim, fica bem claro que a capa de Queer Patterns (1951) é uma representação simbólica de uma paixão lésbica ardente e quiçá doentia, típica das Lesbian Pulp Fictions dos anos 50 e 60. Duvido que alguém esperasse encontrar um trecho em que as amantes resolvem mesmo se acorrentar uma na outra. Quem quiser algo assim, é melhor procurar na minha novela Uma - Um Conto de Fantasia Fetichista. Aliás, adoraria que alguém fizesse umas artes assim para ela.😁

A princípio, esse parece ser o mesmo caso da capa da Sheena mais acima, mas na real é MAIS irritante. Todo mundo sabe que o bondage faz parte do DNA da Mulher Maravilha (super recomendo o filme Professor Marston and the Wonder Women, de 2017, pra quem quiser se deliciar saber mais a respeito😉), portanto imagens dela amarrada ou acorrentada são a coisa mais comum. Agora, vê-la acorrentada à outra mulher é, e sempre foi, extremamente raro, o que faz dessa capa da edição 206, de 1973, uma promessa hiper tentadora. Ainda mais sendo a sua "irmã", Núbia! Mas claro que a história propriamente dita não tem nada disso.😞 (Em tempo, a edição seguinte traz a Mulher Maravilha amarrada costas com costas com sua mãe, Hippolyta,  mas como incesto, pra mim, só é aceitável entre irmãs, essa eu passo.😜) 

E pra fechar (por agora, pois com certeza haverá material para outros posts desse tipo), aqui vai um bom exemplo de como a picaretagem dos anos 70 e 80 continua firme e forte no século XXI. Sugar Boxx (2009) tenta engambelar seu público do mesmo jeito que Femmine infernali fazia mais acima. Tentando dar a entender que vai rolar algo como Black Mama, White Mama (1973), com as duas prisioneiras algemadas juntas o filme inteiro. E não, não tem nada disso, é só uma imitação grosseira de Tarantino mesmo. Nem perca seu tempo. Volte ao filme de 73, que você ganha mais.😉