16 de setembro de 2024

Indivisibili (2016)

Devo ter escrito em muitos lugares desse blog que boa parte dos filmes que são interessantes em termos de togetherness fetish são brochantes enquanto cinema. E quando digo isso, não me refiro, claro, aos que abordam temas como gêmeas siamesas de forma realista (será que isso existe, fora documentários?) mas obras que, de uma forma assumida ou não, tem uma pegada mais puxada pra fantasia, ainda que verossímil. Indivisibili (2016), de Edoardo De Angelis, é uma bizarra e feliz exceção. Em princípio, até tenta se vender como a mítica história "realista" de duas irmãs siamesas, que só descobrem na idade adulta que uma simples operação poderia separa-las e que sua família as enganou a vida toda para manter o seu "diferencial" no competitivo mercado das cantoras de quermesse. Uma premissa difícil de se sustentar numa ambientação contemporânea (se fosse os anos 30, pelo menos, de onde os nomes Daisy e Viola com certeza vieram), mas que, de imediato, nos autoriza (se não formos o tipo de espectador chato que toma a verossimilhança como sacrossanta) a nos apropriar da trama em termos de fantasia (fetichista?), e nos deixar levar pelas irmãs Angela e Marianna Fontana (que, na vida real, são gêmeas e cantoras de verdade, só não são siamesas, infelizmente) enquanto elas vagam por uma Nápoles de sonho, em busca de uma separação que só servirá, no fim, para esmagar seus espíritos. Seria esse um olhar viciado, por conta do meu fetichismo? Possivelmente. Mas não deixa de ter algum lastro, como os primeiros minutos, disponíveis logo abaixo, não deixam de nos atestar.


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